sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A maior aflição de todas

Foi assim: eu estava esperando um telefonema, e o telefonema não vinha, e eu ia ficando cada vez mais aflita. Era uma resposta que eu estava esperando, uma resposta do tipo sim ou não. Não era nada que causaria um, digamos, impacto incomensurável em toda a minha existência, mas certamente era algo que causava um impacto naquele meu dia e talvez num bom punhado de dias seguintes, e era algo que, com certeza, causava em mim enorme aflição. 
Lendo o jornal desorganizado à minha frente e tomando xícaras e xícaras de chá, eu tentava compensar o telefonema que não vinha. Estava num café, celular na mesa, controlado por meus olhos como se pudesse fugir a qualquer instante. Às vezes, eu levantava os olhos do jornal e observava as pessoas à minha frente, cada uma com suas próprias xícaras e aflições. E então acabei pensando naquela que talvez seja a maior aflição de todas.
Geralmente, quando alguém está esperando uma resposta importante – se a promoção vai vir ou não, se foi aprovado ou reprovado no exame, se é sim ou não, um ou dez, amanhã ou só mês que vem… Se alguém está esperando uma resposta importante, geralmente a pessoa diz que quer saber logo a resposta. Melhor se a resposta for boa, mas se for ruim, que seja: ruim mesmo é a tortura do não saber. Lembro de uma amiga que desconfiava que o namorado iria terminar tudo – de manhã, ele tinha anunciado uma conversa misteriosa à noite, e essa amiga, coitada, passou o dia sem fazer nada direito. No fim da tarde, já exausta, desabafou: “Me liga logo e termina! Não aguento mais!”
A ironia é que viver é não saber. Quer dizer, saber um punhado de coisas, mas não saber outro punhado. Para começar, as coisas mais básicas: por que viemos e para onde vamos. O que fazemos aqui. Se tem algum sentido regendo essa loucura toda.
Queremos que nosso telefone toque com todas as respostas, mas só nos resta a aflição de seguir no silêncio. São questões que talvez sejam respondidas satisfatoriamente daqui a alguns séculos, ou talvez o mundo acabe sem que sejam. Há, claro, os que dizem ter visões, ouvir coisas, sentir coisas, saber das coisas. Esses têm sorte. O resto precisa se contentar com a ignorância – ou, no auge da aflição, com respostas enfiadas à força no lugar das perguntas. O que importa é encerrar o mistério.
No café, volto meu olhar para o celular, e então para o jornal, mas não estou lendo mais – agora, penso em Irmãos Karamazov: “Temos diante de nós um mistério que não podemos apreender. E, justo por ser um mistério, tivemos o direito de pregá-lo, de ensinar ao povo que o que importa não é a liberdade nem o amor, mas o enigma, o segredo, o mistério diante do qual eles devem se curvar”.
Mas quem se curva ao mistério? Certamente, não os fanáticos religiosos. Nem os céticos convictos. Nem os intolerantes de nenhuma espécie: esses têm respostas para tudo. De modo geral, a humanidade não se curva. Quer saber. Precisa saber. Pois como se organizar sem saber? Como prender, soltar, ordenar, classificar, deferir, indeferir… Sem saber?
É possível?
Naquele instante, no café, tentando bobamente resolver em mim todos os dilemas do mundo, penso que sim, é possível. Que podemos, independentemente da nossa fé pessoal, encontrar um sentido para a vida na própria vida. Que as regras não precisam ter um fundamento transcendente e tudo bem. Tomo mais um gole do meu chá e meus pensamentos mudam de rumo: agora penso que bom seria se só as questões metafísicas não tivessem uma resposta…
No dia a dia, entre tirar dinheiro no banco, resolver pendências e trabalhar, a metafísica acaba mesmo sendo esquecida e vivemos como se não fôssemos morrer. Resta-nos o mundo físico, mas esse também está tomado pelo não saber: tomamos uma decisão hoje e não sabemos se a consequência será a que desejamos, encerramos relacionamentos e empregos, largamos tudo, recomeçamos tudo… Sem nunca sabermos onde vai dar, sem nunca ter garantias. Cruzamos a próxima esquina sem saber o que nos espera, dormimos sem saber como vamos acordar, nosso pâncreas está funcionando perfeitamente hoje, mas e amanhã? Mesmo a mais racional das decisões acaba sendo um tiro no escuro, como todas as outras: quem nunca fez tudo como deveria ser feito e não deu em nada?
Viver é mesmo muito perigoso. Assustador. Exige coragem. Penso mais uma vez na minha amiga, a que preferia uma resposta ruim ao não saber. Mas é preferível não viver, ou não viver de verdade, a conviver com o peso do não saber? Penso que não. Suspiro, tentando frear meus devaneios. À minha frente, a xícara de chá quase vazia: é hora de pedir outro. Ao lado dela, o telefone que não toca.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Coisas Que Aprendi Com Animes

1 - Aprendi que sempre chove no final da luta.
2 - Aprendi que o meu inimigo que está tentando dominar o mundo, na verdade é uma pessoa boa que reconhece o meu esforço de está ali tentando salvar o mundo, e logo resolve me contar toda a verdade pra eu poder acabar com o plano dele.
3 - Aprendi que os personagens tem um mola muscular na perna pois eles conseguem pular a 50 metros da superfície da terra.
4 - Aprendi que meus inimigos se organizam para poderem me enfrentar na ordem do mais fraco até o mais poderoso porque assim eu posso vencer eles na ordem que eu vou ficando mais forte.
5 - Aprendi que lembranças de pessoas ou promessas me fazem receber energia do além para continuar lutando.
6 - Aprendi que eu posso conversar com uma pessoa à 20 metros de distância sem ter que elevar a minha voz. ( E de costas ainda).
7 - Aprendi que montanhas e rochas são de isopor e se quebram com facilidade.
8 - Aprendi que até meus inimigos mortais são educados e esperam eu ficar lembrando do meu passado pra depois a gente poder continuar a luta.
9 - Aprendi que esparadrapos são mais eficientes do que se pensa. Pois podem curar meus ossos quebrados em alguns dias.
10 - Aprendi que partes do meu corpo são descartáveis e não tem importância. (Tipo, "ah você arrancou o meu braço ? Que se foda, eu tenho outro)
11 - Aprendi que no dia que eu aprendi a andar de bicicleta virá a minha mente no dia que eu estiver prestes a morrer.
12 - Aprendi que protagonistas tem uma maldição que na maioria das vezes ele não tem pai, não tem mãe, é órfão, a mãe fugiu, não tem irmão...
13 - Aprendi que se meu mestre diz "Isso é impossível" é por que eu tenho que tentar e fazer. Por isso que os limites não tem limites.
14 - Aprendi que quando você é muito rápido com a espada, o sangue do se rival fica com Lag e demora alguns segundos para jorra.
15 - Aprendi que tem 500 Litros de sangue no meu corpo.
16 - Aprendi que alguns protagonistas compensam a falta de paternidade com a comida.
17 - Aprendi que a força da gravidade se reduz enquanto eu estou no ar.
18 - Aprendi que no anime não é muito normal trocar de roupa.
19 - Aprendi que os protagonistas tem acesso exclusivo ao terraço da escola.
20 - Aprendi que os vilões são educados e nunca vão te matar logo com o golpe mais forte. Tem que ir devagarzinho pra você ir aprendendo as técnicas dele e você conseguir ganhar.
21 - Aprendi que espadas são mais fortes do que arma de fogo.
22 - Aprendi que o vento, antes das lutas, ficam sempre mais fortes. Por que quando eu começar a lutar, eu pego aquele meu sobretudo de couro e jogo pro alto porque ai o vento leva.
23 - Aprendi que os ossos do nosso corpo são mais fortes do que aço por que nós conseguimos quebrar o chão e levar ele.
24 - Aprendi que eu sempre tenho que fazer uma pose e gritar alguma coisa antes dos golpes pra meu inimigo poder saber o que eu vou fazer.
25 - Aprendi que as roupas das garotas nunca rasgam nas partes interessantes.
26 - Aprendi que protagonistas idiotas são bipolares e mudam sua personalidade totalmente na hora da luta.
27 - Aprendi que em terra de Pokemon não existe animais comuns.
28 - Aprendi que se eu odeio uma pessoa eu tenho que me unir a ela pra depois lutar com ela futuramente.
29 - Aprendi que promessas feitas na infância devem ser protegidas com a sua vida.
30 - Aprendi que bombas e explosões feitas durante uma batalha são invisíveis aos civis que não fazem parte da história.
31 - Aprendi que só os personagens idiotas sentem medo.
32 - Aprendi que os personagens com armas de fogo, armamentos comuns e reais são sempre os mais fracos. O Cara que tem poderes sobrenaturais é sempre o mais forte. A Não ser que ele tenha uma arma sobrenatural... (trocadilho feio)
33 - Aprendi que crianças podem ser muito mais maduras e fortes do que pensamos.
34 - Aprendi que as pessoas tem radar no cérebro por que elas sempre sabem quando tem alguém vigiando ou seguindo elas. A pessoa tá lá no mato, camuflada, com a capa da invisibilidade e você tá de costas e fala "Eu sei que você está ai".
35 - Aprendi que correr não cansa o corpo.


Creio que você também tenha aprendido algo. Comenta ae!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Um Outro Mundo

Tá aquele clima agradável, um silêncio infinito, uma brisa suave. O Silêncio interrompido apenas pelo som dos galhos das árvores. Você tem um dia cheio e tudo que quer quando chegar em casa é descansar. Ter aquele tempo só seu, onde ninguém vai te julgar no que você resolver fazer. Onde você pode ser você mesmo sem receber críticas. E o que você faz ? Vai deitar na cama e pensar na vida. Sim, na vida.. Nos seus problemas, na faculdade pensando em estudar mais pra melhorar as notas. No trabalho onde seu chefe é insuportável e você não aguenta mais ouvir aquela voz irritante dando broncas nos funcionários. Naquela pessoa que você deseja tanto mas não pode tê-la. São tantas coisas que acabamos criando um mundo só nosso. Quem nunca deitou na cama e ficou imaginando mil coisas, coisas meio improváveis de acontecerem mas que se tornam "realidade" perante sua imaginação. Como você queria ser aquele super-herói favorito não ? Ter aqueles poderes incríveis e salvar o mundo e sua donzela. Ou até mesmo o vilão, e sair por ai espalhando o medo. Ou se imaginou numa banda e fazendo shows por vários cantos do mundo ? A verdade é que todos nós fazemos isso antes de dormir ( pelo menos algumas vezes ) e nos sentimos bem com isso. Aquele espaço só nosso onde tudo é possível e dá certo. A Realidade passa a ser ficção perante seus sonhos. Sonhos que parecem tão reais, mas que nada são apenas que seus desejos. É como escrever o seu dia, a sua vida. "Ah, agora vou descansar e refazer esse dia que eu tive". Como seria bom se as coisas fossem sempre do nosso jeito. Dai tamos lá, naquela tarde chuvosa, você olha ao redor e tem várias pessoas chorando, desesperadas. Você lá, coberto de sangue e na sua frente o "mal" em pessoa. Ou até mesmo numa praia à noite. Só a luz da lua iluminando todo aquele imenso oceano, ele com aquele charme e ela de vestido branco descalça passeando naquele lindo lugar paradisíaco. Você abre os olhos é vê que tudo aquilo não passa da sua imaginação sabe, mas pra você foi tão real, que você quer voltar pra lá e nunca mais sair. Esquecer que tem uma vida pra seguir. Lá é tudo tão perfeito. Tudo é do jeito que era pra ser. Tenho tudo, tenho quem amo, tenho meu emprego dos sonhos. Sou cantora, dançarina, atriz, modelo, jogador de futebol, baterista.. Por que ter que sair de lá não ? Isso é apenas o que queremos que aconteça conosco. Nós "inventamos" nosso mundo enquanto dormimos já que não é tão simples fazê-lo. Mas e dai que é de mentirinha ? O que importa é levantar e dizer "Tive um ótimo sonho hoje". Sorrir e seguir a vida do jeito que dá, e tentar melhorá-la até que se torne o seu "sonho". Afinal, a vida não é tão ruim assim. Nem pra mim, e nem pra você. Ela é doce&Amarga, do jeito que tem de ser. 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O amor é um negócio complexo, mas o Mundo seria uma chatice sem ele.

Eu não entendo o amor. É como uma cola que une pessoas, ás vezes, completamente diferentes, obriga-as a ficarem juntas e faz com que movam mundos e fundos, e briguem, e sofram, e se machuquem, só por causa dele, o amor. Acho que Deus estava meio bêbado quando criou esse sentimento. Não sabia ele as consequências que poderia causar ? Está na Bíblia, Adão e Eva, apaixonados, fazendo besteiras e sendo expulsos do paraíso. Por causa dele, o amor, você não está no paraíso.
Além de perigoso e subversivo o amor é absolutamente inútil. Para que serve ? Os Tamanduás, as goiabas e as abelhas estão aí há milênios, nascem, crescem, se reproduzem e não têm a menor ideia do que seja amar. Pior: Se estamos apaixonados só pensamos na pessoa amada, somos pouco produtivos, desatentos, esquecemos o aniversário da Mãe, a torneira aberta, guardamos o controle remoto no congelador. Isso, claro, quando o amor é correspondido, o que vocês já devem ter percebido que não acontece em 100% das vezes, né ?
Eu, se fosse o presidente da república, baixava um decreto imediatamente, proibindo o amor em todo o território nacional. Por amor, as pessoas matam, morrem, caminham pelas cidades com sorrisos estúpidos, vão a restaurantes cujas contas equivalem a um mês de seus salários, sentem frios terríveis na barriga, perdem a fala, o rumo, a compostura e o senso do ridículo.
Eu, se soubesse o número, ligava agora para reclamar do amor. Diria à mocinha do outro lado: “Ei mocinha, eu e uma garota que nunca tinha visto antes adquirimos o amor, já faz cinco anos, inclusive moramos juntos, mas não concordamos sobre as coisas mais básicas da vida! Ela prefere verde e eu azul, ela bem passado e eu mal, ela é canhota e eu destro! Mesmo assim , a gente precisa um do outro, todo dia. Sim, porque o amor é diário, não dá férias nem libera o domingo para descanso! quando a gente se afasta, dói! É assim mesmo ? Se tivesse me avisado antes, eu não teria caído nessa de amar. E agora, mocinha, o que eu faço ?”
O amor desorganiza tudo. Você vai ver. Um dia, você vai visitar um parente em Marília, Macapá ou Belford Roxo, conhece uma pessoa, se apaixona e pronto, dançou ! Você muda de cidade, arruma outro emprego, deixa os velhos amigos para trás, contrai dívidas…
O amor é uma loucura, um problema hormonal. A ciência ainda há de achar a cura para o amor, o anti-viagra, a pílula que finalmente libertará a humanidade dessa fonte de caos e sofrimento. Nesse dia, finalmente, poderemos respirar aliviados. Difícil será aguentar a chatice em que se transformará nossa vida daí em diante. O amor é um negócio complexo. Não entendo o amor.


 Por: Liliane Prata